O sistema de ultra-som assume-se como um dos pilares fundamentais no acompanhamento da gestação de um bebé. No entanto, existem alguns factores que dificultam a deteção de certas características do feto. Embriões de dimensão menor, movimentos involuntários do feto ou qualidade insuficiente das imagens estão entre os obstáculos que é preciso superar para a ultrassonografia ser 100% bem sucedida.
Recentemente, uma equipa de pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, desenvolveram um meio que permite a deteção de defeitos congénitos de forma rápida e precisa através de Inteligência Artificial. A partir de um conjunto de dados específico, a IA conseguiu identificar as imagens de ultra-som de forma bastante eficaz, validando o propósito dos médicos e pesquisadores.
Com um histórico curto e pouco reconhecido (poucos estudos relacionados com IA foram publicados na área da obstetrícia), o objectivo do estudo (publicado no jornal científico Plos One) era demonstrar o potencial do modelo de aprendizagem da IA (deep learning) na rápida identificação do higroma cístico (condição rara e potencialmente fatal do embrião humano), tendo como ponto de partida as imagens digitais dos três primeiros meses de gestação.
Ao fazerem prova que o modelo de reconhecimento de padrões foi bem executado pela Inteligência Artificial, o Dr. Mark Walker e a sua equipa de investigadores abriram excelentes perspectivas para o futuro. Não só viabilizaram estudos futuros, como permitiram que a partir deste momento, seja reunido um número superior de imagens de ultra-som para a IA poder trabalhar em novos testes.
“O modelo foi excepcional, mesmo com um número pequeno de imagens para treino. Em termos potenciais, demonstrámos que, no campo da ultrassonografia, somos capazes de utilizar as mesmas ferramentas de identificação e classificação de imagens com elevada sensibilidade e especificidade”, testemunhou o Dr. Walker. “Este projecto pode significar o primeiro passo num enorme campo de estudo. Temos vários estudos científicos que se seguem a este.”, concluiu o médico.
O Dr. Mark Walker, líder desta investigação, é obstetra, epidemiologista e professor na Faculdade de Medicina de Ottawa. Ele é igualmente co-fundador da OMNI Research Group (Obstetrics, Maternal and Newborn Investigations) do Hospital de Ottawa, o maior grupo de pesquisa de saúde materna e natalidade no Canadá.